É só fachada...

Num país onde se gosta muito de viver daquilo que se parece e não daquilo que se é, aqui vai mais um 'exemplo': um edifício que não o é, ou seja, é só fachada...

Foto de Novembro de 2007
O que podemos ver na foto é o que resta de um edifício em Lisboa, onde actualmente existe apenas a fachada principal, virada para a Av. 5 de Outubro (ver mapa), e uma das paredes laterais. O que mantém aquelas partes do edifício erguidas é uma estrutura em ferro, concebida para esse mesmo efeito. Sem ela, provavelmente já nem fachada existiria.
Para quem passa pela Av. 5 de Outubro talvez seja mais agradável ver uma fachada, em vez de se deparar com um buraco no alinhamento do edificado, mas quem por ali passa a pé a experiência será menos agradável, pois terá de se desviar da dita estrutura em ferro e transpor o comprimento do edifício debaixo de uma (pseudo)protecção... Como acontece em diversos locais das nossas cidades, o espaço destinado aos peões está ocupado pela estrutura de suporte do antigo edifício.
Se quem passa pela frente do edifício repara que algo não está muito bem, quem o vê das traseiras fica com essa certeza. O panorama não é muito bonito. Aquilo que já serviu de habitação a várias famílias (a concluir pelo tipo de edifício) é agora um simples estaleiro, onde é depositado de tudo um pouco.
Será que aquele espaço não merece uma intervenção, de forma a que fique dotado das funcionalidades às quais deveria ser destinado? A intervenção do poder local neste tipo de situações é muito diminuta, deixando dúvidas das reais competências para resolução destes problemas nas nossas cidades, o que permitiria uma melhoria do património edificado. Mesmo o património de domínio privado que se encontra degradado não merecerá intervenção? Não seria legítimo que as autarquias interviessem?
Pelo que se pode concluir através do aspecto do conjunto de elementos que ali se encontra, a situação mantém-se há vários anos. Será que se vai manter assim durante muitos mais?

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