O Ensino da Geografia nos anos 20
O ensino da Geografia, tal como o das outras ciências, tem evoluído ao longo dos anos. Em Portugal são dadas algumas noções ao longo do ensino básico, mas (pelo menos até há bem pouco tempo) só a partir do 7º ano de escolaridade é que é leccionada uma disciplina exclusivamente dedicada à Geografia. Os conteúdos abordados não foram sempre os mesmos, e para ilustrar isso mesmo serão publicados aqui, no Registos Geográficos, uma série de artigos onde se falará dos conteúdos dos manuais escolares de Geografia dos anos 20.
Este primeiro artigo refere-se à Primeira Parte, destinada à I e II classe dos liceus de então, da sétima edição do manual do "Curso de Geografia Física e Política", editado em Coimbra por Fortunato de Almeida em 1920.
Capa do livro 'Curso de Geografia Física e Política' de 1920
No Cap. I do manual fala-se da posição relativa dos logares e da Orientação, dando-se a noção do que é o horizonte visual, a superfície horizontal e da vertical dum logar. Logo no início é-nos explicado que a Posição Relativa de Lugares é a simples 'posição dum logar com referência a outro' e ainda nos são explicadas as formas de determinarmos os quatro pontos cardeais. Com os pontos cardeais torna-se mais fácil a indicação da posição relativa de dois lugares, pois é consensual que, segundo o exemplo dado, Aveiro está ao Norte de Coimbra. Factos como este, devido à sua simplicidade, passam-nos despercebidos, mas já na altura havia a preocupação de incutir conceitos precisos, de forma a eliminar equívocos. No manual são definidos os quatro pontos cardeais e é referido o nome dos intermédios destes: os pontos colaterais. O final deste capítulo prende-se com questões de orientação, que pode ser feita através do sol, pelo relógio e pela bússola.
Sabendo como identificar os lugares relativamente uns aos outros, o Cap. II é dedicado à 'Representação dos Objectos - Plantas Topográficas'. As condições essenciais à representação dos objectos são as medições e a escala, que nos permite transportar para o papel as medições efectuadas no terreno. Para realizar um projecto de um edifício também são necessárias medições e a sua transportação para o papel, mas o que distingue as Cartas Topográficas é que estas têm 'por objectivo a representação gráfica de certa extensão de terreno'. O seu nome resulta de este tipo de plantas obedecerem às regras da Topografia. 'Topografia é a parte da geografia que tem por fim representar gráficamente os acidentes, posição e grandezas relativas dum logar ou duma pequena parte da superfície da terra.'
O Capítulo III refere-se às Formas gerais da superfície da terra e será falado no próximo artigo. No entanto, aqui fica a Planta da Cidade de Coimbra que está incluída no mesmo... Se o ensino da geografia evoluiu, o que dizer da cidade de Coimbra?...
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